CHAMADA PARA ARTIGOS

2018-06-12

“Está na moda associar a imaginação e a política, o imaginário e o social. Estas associações e os problemas que elas traduzem tem feito uma carreira rápida e brilhante, quer nos discursos políticos e ideológicos, quer nos das ciências humanas. (...) Os meios de comunicação de massa contribuíram de maneira particular para a inflação destes termos. (...) Os atores políticos, em especial os 'chefes', são julgados não só pelas suas competências, mas também pela imaginação política e social que lhes é atribuída ou recusada.”

BACKZO, Bronislaw

 

Em tempos de instabilidade e incertezas políticas, a Revista Temporalidades volta às bases do campo da História Política e divulga a chamada para o dossiê “Mitos e Imaginários Políticos na História”, referente à sua 27ª edição, a ser publicada em setembro de 2018.

 

Imaginários e mitos políticos são sempre muito presentes ao longo da história. O estudo dos mitos e imaginários políticos vem se consolidando desde meados do século XX, com autores célebres como Cornelius Castoriadis e Bronislaw Baczko e acabou se tornando uma das grandes chaves de entendimento dentro daquilo que convencionamos chamar de História Política. Das pichações na Roma Imperial às charges do período Vargas, as imagens e mitologias pensadas e construídas a partir de um determinado momento histórico, ao falarem sobre esse momento — seja sob a forma de crítica, elogio ou retrato — carregam em si parte dos acontecimentos, da estruturação da sociedade e de elementos políticos relevantes naquele contexto. Com isso, a produção de leituras e representações sobre o momento vivido promove não apenas uma descrição, mas ainda contribui para uma construção de valores, ideias e comportamentos que podem ser compartilhados por um largo grupo de pessoas, como um imaginário comum. Da mesma maneira, a criação de mitos políticos tem lugar garantido nas sociedades e na historiografia e é muito utilizada como tentativa de mobilização e unidade da população em nome de algum projeto político e social.

 

Outros conceitos e termos afins se somam conceitual e metodologicamente a esse campo de estudos – representação, culturas políticas, entre outros – com contribuições de outros intelectuais, entre eles Carlo Ginzburg e Roger Chartier. Dessa forma, o Dossiê da 27ª edição da Revista Temporalidades propõe um espaço de diálogo capaz de incorporar pesquisas que pensem o imaginário compartilhado entre sociedades, a elaboração e recepção de mitos que exerceram ou exercem um sentido político na História. É desejo da próxima edição apontar, portanto, para a heterogeneidade e a amplitude de cronologias, temas e dos debates dentro dessa temática.

 

Vale lembrar que, além de artigos destinados ao Dossiê – que deverão ser enviados até o dia 12/08/2018 – a Temporalidades aceita artigos livres, resenhas e transcrições documentais comentadas em fluxo contínuo.